Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


Deixe um comentário

O Clã do Comboio – O RB trouxe Celestes

O RB trouxe Celestes

Este Clã está a ficar mágico. O RB trouxe Celestes. Ele tinha prometido e fez questão de cumprir logo na primeira oportunidade.
O Celeste é um doce pequenino, mas muitíssimo saboroso. É feito de ovos, amêndoa e, claro, açúcar. O RB trouxe uma caixa. A Mulher Vampiro, cuja rabugice matinal não passa nem a poder de Celestes, recusou e fez um ar muito enjoado. Não era nada com o RB nem com os Celestes dele. O problema é mesmo dela que, antes do primeiro café, tem esta peculiar má disposição. Deixa lá, Mulher Vampiro, nós gostamos de ti na mesma. O Ceguinho ia a dormir, logo, não comeu. O Aluno do Escritor morfou o dele, tal como o Escritor, o VM e a Rapariga do Riso Fácil. A Rapariga com Brinco de Pérola também não quis. Ia a ler, claro. Agora anda a ler um livro do Salman Rushdie que diz que é uma fábula. Sim querida, espera lá que já acredito em ti!
A malta ficou bem disposta com a generosidade do RB e com o pretexto para se conversar até Lisboa. Oferecemos à Stôra, mas ela não quis porque ia dormir e a malta não insistiu porque ela tem lá as razões dela e um Celeste a mais não é um Celeste a menos.
O curioso, hoje, foi a afirmação de dois novos elementos no Clã. A primeira é a Mamã das Duas Crianças que já tem vindo com a malta. Tem andado dividida entre a vontade de andar connosco e o desejo de nos apertar o pescoço. Um dia, perguntou-nos, como quem intimida:
– Vocês não têm vida própria?!
A resposta foi pronta e em coro:
– Não!
E pronto. Se estava iludida, desiludiu-se. Mas fomos mais longe. Começámos a integrá-la nas nossas brincadeiras. De resto, ela dá-nos motivos. Eu, pelo menos, acho que adormecer no ombro do Aluno do Escritor é motivo para a integrar. O que é certo é que abriu um sorriso e agora quem quer vê-la é a viajar com o Clã. E tem uma vantagem, é desinibida o que sempre proporciona uns momentos interessantes. Hoje, por exemplo, disse a frase “Umas voltinhas de bicicleta durante o dia e à noite dormem melhor!” e julgou que passava despercebida. Não passou! Estou a referir-me a ela porque gostei de ver a naturalidade com que morfou vários Celestes do RB. Todos esperamos que a Mamã das Duas Crianças continue a resistir à nossa presença. Assim seja que sejamos mais difíceis de aturar do que duas crianças com mau dormir!
A outra personagem que anda a namorar o Clã e já está em avançado grau de integração é a PL. A PL é uma mulher baixinha com o ouvido muito atento e o olhar muito vivo como se quisesse ver a vida toda num instante. Sorri com simpatia ao dia que começa e percebeu-se imediatamente que não ia deixar-se intimidar pelo Clã e as suas piadas matinais. No primeiro dia que veio, atirou-se à caixa dos Celestes do RB como se não houvesse amanhã e aguentou umas histórias de violência física, agressões e coisas do género, que o VM ia a contar. Como voltou no dia seguinte, pensámos que tinha tido o seu baptismo de fogo.
Não sei se repararam, mas há aqui um ritual de iniciação que é novo no Clã. De facto, parece que quem quiser entrar para esta maravilhosa e espontânea família tudo o que tem a fazer é comer Celestes ao RB.
Isto até acabou por ser engraçado. Foi como se o RB tivesse duas festas de anos. Uma que nós lhe fizemos de surpresa e outra que ele patrocinou com Celestes. É o Clã no seu melhor!


5 comentários

Pediste-me Versos

Pediste-me Versos

Pediste-me versos
E versos te dei
Sangrando meus excessos
No peito que rasguei.
E houve palavras soltas
A cantar sentimentos,
Notas esvoaçando
baloiçadas pelos ventos.
São de mudança,
Diz o profeta,
Mas no profeta vive a criança
E morre o poeta.
Pediste-me versos
E versos te dei
E neles foram impressos
Os hinos que te cantei.
Ah… musa minha!
Musa de minha solidão,
Vagueias pelo mundo sozinha
Sem castigo nem perdão.
E tens-me preso neste pulsar
E tens-me amarrado a este sentir,
Sem ti não sei amar,
Contigo não consigo fugir.

jpv


Deixe um comentário

Versos de Insuficiência

Versos de Insuficiência

Para
Um copo meio vazio
E outro meio cheio
Não chega uma noite de frio
Com afagos de permeio.
Para
um problema de simples contorno
E outro bem complexo
Não chega um corpo morno
E meia noite de sexo.
Para
Uma alma inteira
E uma mulher dentro dela
Não chega a forma ligeira
De um quadro sem tela.
Para
Ti que és a meta
Deste meu universo
Não chega um poeta
Armado de meio verso.
E para tudo isto
Que agarro e me escapa
Parece haver um misto
De vida que mata.

jpv


Deixe um comentário

Quadra ao Amarelo

Quadra ao Amarelo

Por entre o casario
Simples e singelo
Desliza, estridente,
O eléctrico amarelo.

jpv