Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Curtas do Metro – Pequeno-Almoço

Pequeno-Almoço

Um dia destes, de manhã, duas amigas iam sentadas de frente uma para a outra. Uma estaria a meio dos quarenta e a outra caminhava, grisalha, para os cinquenta. Esta, tirou da mala uma bisnaga de creme para amaciar as mãos, espalhou um bocadinho numa mão e depois começou a esfregá-las. Antes de colocar a tampa na bisnaga, disse:
– Mesmo quando ponho isto, tenho sempre as mãos tão ásperas. Queres um bocadinho?
– Não, obrigada. Já tomei o pequeno-almoço!

jpv


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O Clã do Comboio – Importa-se de Cair Outra Vez para Cima de Mim?

Importa-se de Cair Outra Vez para Cima de Mim?

A história, breve e simples, que a seguir se conta tem como personagem principal a Stôra. A Stôra é uma simpática figura do Clã do Comboio que retratámos em “Morning Breakfast”.
Ultimamente, tem-se metido comigo, mas hoje o destino castigou-a. Normalmente vou sossegado, até que chegam os três amigos que querem salvar o mundo e começam a falar e obrigam-me a falar e depois já ninguém consegue dormir descansado. A culpa é, sobretudo, do VM e do RB que são os mais traquinas. Ora, quando chegamos ao Oriente, a Stôra, em vez de os repreender a eles, olha para mim e diz:
– Então já não se pode dormir?
Eu lá tento dizer-lhe que a culpa é dos três amigos que querem salvar o mundo, que salvar o mundo dá muito trabalho e gera muito ruído, mas ela limita-se a rematar:
– Pois, mas foi a si que eu ouvi rir!
É verdade, mas também é verdade que é quase impossível não rir quando o VM vai a falar a sério!
E foi assim que ela se deu. O maquinista de hoje deve ter bebido uma amarguinha ao pequeno-almoço ou ia com pouca sensibilidade nos pés ou nas mãos, enfim, não sei como se trava um comboio, mas ele ia com pouca sensibilidade no membro que usa para travar porque ia só aos solavancos violentos.
A Stôra levantou-se, olhou-me com aquele ar de quem me ia puxar as orelhas, o maquinista travou, o solavanco foi brusco, a Stôra projectou-se para cima de um simpático passageiro enfiado no seu fatinho de fazenda e gravata cor de cereja. Ora, a Stôra tem boa constituição e esmagou o senhor contra as costas do banco. Depois lá se desculpou:
– Desculpe, desculpe, desequilibrei-me…
E pronto, saiu.
Ele ficou.
Quando chegámos a Santa Apolónia, ele, que é homem de bom gosto e, como tal, lê este blogue, disse-me:
– Então, já tem mais uma história para o blogue?
– Pela certa, não falha nada.
E foi aí que ele me surpreendeu. Eu a pensar que ele ainda ia a contar as costelas partidas e vai daí, sai-se com esta:
– Olhe, eu não me importava nada que ela caísse para cima de mim outra vez!
Portanto, Stôra, já sabe, para a próxima, é esmagá-lo à força toda!


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O Clã do Comboio – Private Jokes

Private Jokes

Por vezes, quando os três amigos que querem salvar o mundo se põem a conversar com o escritor, produzem-se autênticas pérolas do rasgo verbalizante que exprime essa interessante tecitura cultural a que eu normalmente chamo de… parvoíce. Acontece que a parvoíce, só por sê-lo, não quer dizer que não tenha a sua graça e até o seu interesse. Portanto, o leitor está avisado. De seguida, entrará no interessante universo da parvoíce.
Private Joke – 1
A – Um dia destes vais parar ao Ministério da Cultura.
B – Ele não quer isso, isso seria um downgrade!
A – Pergunta-lhe isso a ele…
B – Então?
C – Era sempre a subir!!!
Private Joke – 2
A – Eu diria que ele é o catalisador.
B – Olha lá, mas eu agora sou alguma peça de automóvel ou quê?
C – Sabes, como dizia um colega meu, eu sou um repositório de conhecimento inútil!


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Nota triste e singela homenagem

Qualquer morte é uma tristeza. A morte de Artur Agostinho não só é uma tristeza, como significa a perda de um exemplo público de capacidade de trabalho, de dignidade e a perda de um símbolo cultural e transgeracional de perseverança, competência e profissionalismo.
Artur Agostinho tocou-nos a quase todos. E o que mais me impressionou sempre foi a sua humildade. A forma como sempre abraçou a vida com paixão e dedicação e a forma como constituiu um exemplo para todos nós.
Fica a saudade e homenagem singela de Mails para a minha Irmã ao homem que até a gritar goooooolo tinha elegância!