Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


3 comentários

Curtas do Metro – O Infinito

O Infinito.

Estação dos Restauradores.
Estou a chegar. Vou caminhando devagar ao longo da plataforma. Sigo pelo centro. Nem chegado à linha, nem chegado à parede. Do meu lado direito, do lado da parede, está um casal jovem. Ambos com roupas, atitude e aspecto que indiciam os seus dezassete anos, não mais. Há cabelos desalinhados e piercings de sobrolho e estão carinhosamente de mãos dadas, virados para a linha. Do meu lado esquerdo, junto à linha, vem caminhando na minha direcção uma mulher jovem, muito sensual, muito atraente, muito… tudo, nos seus vinte e picos anos, blusa justa, casaco curto, mini-saia, meias coladas às pernas e sapatos de salto muito alto.
Quase que estivemos todos em paralelo porque quando passei junto do casal, a moça atraente tinha acabado de se cruzar comigo. E foi aí que a coisa se deu.
A rapariga do piercing puxou a mão que tinha solta atrás, tomou balanço, e enfiou um valente estalo de palma aberta na cara do namorado. Ele ficou meio assarapantado com a surpresa, piscou os olhos e mexeu a face como que a recolocar as carnes esbofeteadas no sítio e quando se sentiu recomposto, disse:
– O que é que foi? Estava só a olhar para o infinito!
– Eu dou-te o infinito!
Estas duas falas davam uma tese, mas eu não vou escrevê-la porque a secção se chama “Curtas do Metro”, contudo, sempre acrescento que, mesmo tendo em conta a violência do chapadão, eu, que também ia a olhar para o infinito, acho que aquele infinito vale a finitude de um estalo!


Deixe um comentário

Pressentimento de Luz

Pressentimento de Luz

Corre,
Apressado,
Nas minhas veias,
Um pressentimento de luz.

Vejo,
Libertado,
Enquanto passeias,
Um corpo esbelto que seduz.

Sinto,
Arqueado,
Quando me enleias,
O Destino que me conduz.

jpv