Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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O Clã do Comboio – A Playlist da Mulher Vampiro


A Playlist da Mulher Vampiro


Caros amigos e leitores,

como tem sido notório, o Clã do Comboio tem ocupado parte significativa da minha dedicação à escrita. É, de facto, um ambiente interessante, de uma multiculturalidade prenhe de rituais e hábitos e gestos previsíveis e imprevisíveis.
Alguns de nós estão conversando durante as viagens ou após as mesmas pelo que um dia destes lembrei-me de algo que me pareceu interessante. Muitos do elementos do Clã do Comboio fazem as viagens inteiras ou em parte ouvindo música. Lembrei-me de perguntar-lhes o que ouviam e pedir autorização para publicar aqui as suas playlists. Claro que nunca me referirei a eles identificando-os, mas somente através dos nomes, alcunhas ou descritivos que utilizei para os designar enquanto personagens do Clã.
Assim, e para começar, aqui fica a preferência musical da Mulher Vampiro que, como a própria referiu tem um “ritmo que acompanha o do comboio e funciona melhor que contar carneirinhos.” Nos seus trajes monocromáticos e negros, por baixo dos cabelos fulvos e junto à pele alva, quase pálida, a Mulher Vampiro ouve, sobretudo, um senhor que dá pelo nome de Nils Petter Molvaer.
Aqui ficam dois clips do senhor… e uma pergunta à nossa companheira do Clã: como é que alguém consegue dormir com isto nos ouvidos? Eu gostei. Mas para dormir?!


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Comentário

[Leitora assídua deste blogue comentando o post anterior… dei-lhe destaque porque achei tão doce e intenso quanto o próprio post!]
“O mundo é mesmo um lugar bonito quando nos aceitamos. Sobretudo quando conseguimos aceitar que o outro pense, aja, fale e ame de forma diferente de nós. Desde que seja com paixão…”
VG


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O Clã do Comboio – Sem Preconceitos.

Sem Preconceitos.Felizmente, sem preconceitos, ainda que sentindo o peso deles, elas chegaram à plataforma. O dia despontava com sol e Primavera e havia no ar a sensação de que o mundo ia ser um lugar bom para se estar.
Ela era baixa mas muito proporcionada. Tinha o cabelo louro a cair-lhe pelas costas em caracóis pequeninos. O olhar claro e enlevado de amores inequívocos era determinado. Roupas práticas. Não veio embarcar, veio só fazer companhia.
Ela era baixa mas muito proporcionada. Tinha a tez muito clara e o cabelo caía-lhe castanho pelos ombros em caracóois largos. Os olhos de amêndoa eram tímidos. Roupas práticas. Veio embarcar.
Quando se despediram, o olhar determinado procurou o olhar tímido e encontrou-o. Os lábios dela procuraram os lábios dela. O olhar tímido virou a cara e recebeu o beijo na face. O olhar determinado não queria despedir-se sem sentir-lhe o calor de um beijo apaixonado, colocou-lhe uma mão na nuca e beijou-a nos lábios forçando um bocadinho o tempo do beijo.
E foi aí que vi cair os preconceitos. O olhar tímido, olhou em volta à procura das recriminações, talvez, à procura de quem olhasse com ar de condenação, à procura de um risinho. Mas não encontrou nada disso. Tudo estava normal. Tinha sido beijada pela sua amada e o Universo não havia ruído. E isso trouxe-lhe coragem. Tomou ela a iniciativa. Colocou uma mão na nuca da sua amada, puxou-a para si e beijou-a carinhosamente. Como ambas mereciam. Sem preconceitos. E a Primavera esteve cumprindo a sua missão e o mundo, afinal, nasceu mesmo um lugar melhor para se estar.