Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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De Negro Vestida – LXVIII

 

Abandonar o Negro – VI

As pessoas já não namoram, andam. Já não fazem amor, curtem. Ainda assim, mudem os nomes como mudarem, haja as evoluções e as adaptações semânticas que houver, a fase do encantamento, da descoberta mútua, do Diz-me como preferes, dir-te-ei como prefiro, Mostra-me como gostas, mostrar-te-ei como gosto, sempre se há-de chamar namoro.
Os comportamentos podem tornar-se absurdamente ridículos, namoradamente carinhosos. Inventam alcunhas ou abreviaturas um para o outro, tratam-se por amorzinho, esperam-se à saída do trabalho com flores na mão, dão comidinha à boca um do outro, entregam-se em conversas ávidas de conhecer o corpo e passam imenso tempo falando, sempre falando, basicamente dizendo do que gostam e que gostam um do outro. Fazem juras de amor.

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O Romance “De Negro Vestida” foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.

Agora que conhecerá outros voos, nomeadamente, a publicação em livro, deixamos aqui um excerto de cada capítulo e convidamos todos os amigos e leitores a adquirirem o livro.

Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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De Negro Vestida – LXVII

 

Abandonar o Negro – V

Fazem coisas estranhas, os amantes.
E só à sua compreensão devem explicações. Estes decidiram não tomar banho. Não foi combinado. Foi só o desejo mútuo de manterem no corpo o cheiro da entrega. De prolongarem o momento para além do momento, a fantasia para além da realidade. E foram para a cozinha como quem vai para um parque de diversões. Colocaram aventais de cozinheiro sobre os corpos nus e ficaram cozinhando omeleta.
Fazem coisas estranhas, os amantes.

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O Romance “De Negro Vestida” foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.

Agora que conhecerá outros voos, nomeadamente, a publicação em livro, deixamos aqui um excerto de cada capítulo e convidamos todos os amigos e leitores a adquirirem o livro.

Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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De Negro Vestida – LXVI

 

Abandonar o Negro – IV

Maria de Lurdes não o disse a Carlos José para lhe não parecer que estava ansiosa, mas a verdade é que lhe pediu que a apanhasse em casa porque tencionava tirar esse dia para si. E tirou. Algo lhe dizia que ele merecia o tempo que levaria a preparar-se antes do almoço e algo lhe dizia também que a conversa entraria tarde dentro. Não estava ansiosa como se algo determinante estivesse para acontecer, mas queria colocar alguma dedicação naquele almoço. Havia da parte dele uma disponibilidade, uma franqueza no trato e nas palavras, uma abertura na face que pareciam estender-lhe uma carpete e não fechar uma porta.

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O Romance “De Negro Vestida” foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.

Agora que conhecerá outros voos, nomeadamente, a publicação em livro, deixamos aqui um excerto de cada capítulo e convidamos todos os amigos e leitores a adquirirem o livro.

Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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