Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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O Clã do Comboio – A Rapariga que Veste um Sorriso

Tal como todos os outros, é uma pessoa de hábitos. Normalmente veste calças de ganga de cós baixo e um cinto preto ou castanho, largo, encima essas mesmas calças. É larga de ancas e volumosa mas está longe da obesidade. Traz sempre uns óculos escuros daqueles que ocupam a face toda e quando entra no interregional das 7:18h tira-os e deixa transparecer o olhar meigo e tranquilo dos seus olhos cor de amêndoa. Normalmente veste casacos cintados. O cabelo castanho cai-lhe por cima dos ombros e completa o quadro de uma moça jovem vestida de forma prática mas elegante para cada dia de trabalho. A vestir daquela forma deve haver umas dezenas no comboio pelo que não foi essa a razão por que me detive nela.
A razão é simples.
É daquelas pessoas que acorda sempre feliz e sorridente e difunde essa luz e essa alegria à sua volta. Pela manhã, o clã tem a tendência para ir sossegado e quieto, excepto a rapariga que veste um sorriso. Cumprimenta quem se senta ao seu lado, fala com as pessoas, brinca com as crianças e, mais do que tudo, sorri.
Ela é das pessoas que se senta ao fundo da carruagem. Eu, ao meio. Já equacionei um dia destes ir ao fundo para vê-la sorrir mais de perto, mas, sabem como é, ando a ficar como o clã, um tipo de rituais e faz-me falta a companhia dos meus desconhecidos. Há, contudo, esta marca matinal da rapariga que veste um sorriso. Vê-la é como se fosse uma mensagem de esperança para o dia a viver. E isso é precioso. Espero, sinceramente, que continue a viajar na “minha” carruagem. É que assim até os dias de chuva brilham um bocadinho.


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Conversa de surdos ou isso!

Esta conversa aconteceu mesmo e garanto que os intervenientes na dita perceberam tudinho. A nossa língua é uma maravilha. Não é preciso dizer muito para dizer tudo. Ora vejamos:

– Então, tudo bem?
– Tudo bem.
– Já me viu isso?
– Eh pá ainda não vi isso.
– Eh pá não me diga que ainda não me viu isso?
– Eh pá não tive tempo de lhe ver isso.
– Olhe que estou preocupado com isso.
– Eu sei, eu também ando preocupado com isso.
– Eh pá, veja-me isso.
– ‘Tá bem, eu vejo-lhe isso.


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Auto-Citação

“Ler-te sobre mim é como ver-me ao espelho da alma!”
JP


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De Negro Vestida – XLIX

 

De Negro Vestida – XIII

Caro leitor, se chegou até aqui pare ou salte para o próximo capítulo. O que vai escrever-se a seguir não deveria ser escrito. O que está prestes a ler, não deveria ser lido.

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O Romance “De Negro Vestida” foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.

Agora que conhecerá outros voos, nomeadamente, a publicação em livro, deixamos aqui um excerto de cada capítulo e convidamos todos os amigos e leitores a adquirirem o livro.

Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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