Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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De Negro Vestida – XLV

 

De Negro Vestida – IX

Quando Alberto veio a si, deram-lhe um copo de água com açúcar, agitaram o ar à sua volta e fizeram-lhe perguntas descabidas das que se fazem nos momentos descabidos:
– Então, senhor Alberto, está melhorzinho?
Maria de Lurdes tentou não ser tão descabida e perguntou-lhe com quanto carinho foi capaz agarrando-lhe as mãos frias:
– Alberto, meu querido, sente-se bem? Quer que lhe traga alguma coisa? Contacte alguém?

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O Romance “De Negro Vestida” foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.

Agora que conhecerá outros voos, nomeadamente, a publicação em livro, deixamos aqui um excerto de cada capítulo e convidamos todos os amigos e leitores a adquirirem o livro.

Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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Citação do Caos

“O mundo anda cego, as pessoas são más, somos meros objectos nas mãos de uma minoria que levará isto ao caos.”
VS


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Os leitores deste blogue surpreendem-me…

… Pela sua constância. Esta semana há dois factos importantes em relação à frequência de “Mails para a minha Irmã”:
1) Pela primeira vez houve mais de 100 leituras num Domingo. Foi no passado dia 7. Isto é importante porque o Domingo é, por razões óbvias, um dia de baixa frequência.
2) Pela primeira vez, ao dia 10 do mês, já temos mais de 1000 leituras.
Eu ando admirado e, ao mesmo tempo, satisfeito e a matutar nas causas. Serão as citações? Os poemas? As músicas? O Romance? Os textos autobiográficos avulsos? As imagens? Será o conjunto disto tudo?
Não sei, ainda não reflecti muito sobre isso, mas sei que somos gente de todo o globo, a todas as horas. Usamos pouco os comentários, muito o mail e lemos! Há almas que passam aqui aos 80 minutos por dia!!!
Enfim, muito obrigado a todos e continuem a voltar.
Um abraço,
João Paulo.


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Sinal…

Ontem fiz a viagem de comboio com o Carlos. O Carlos, a quem dedicarei um texto lá mais para frente e com outro cuidado porque me exige mais atenção e substância, é uma daquelas pessoas com quem se pode ter uma conversa deliciosa e dinâmica que começa na análise do porquê que um tipo não me quis trocar uma nota de dez euros e acaba a gisarmos o futuro do universo e a compreendermos a acção dos nossos filhos nele. Tínhamos a lenga-lenga atrasada pelo menos quinze anos. Por isso, ontem, foi só um cheirinho.
A determinada altura ele perguntava-me o que é que me impelia a escrever e eu dizia que qualquer coisa até porque eu era o tipo de pessoa observadora, que absorvia tudo e disse-lhe, Está atrás de ti uma mulher bonita com umas olheiras enormes e o mais certo é vir a escrever sobre isso.
Pois cá estou. E a escrita será breve. Era jovem e bonita. Harmoniosa nas formas. Tinha ternura na expressão. Mas não só. Estava cansada e derrotada e, ainda o dia se anunciava e a alvorada se espraiava para além das janelas do comboio, já ela estava em fim de jornada. Não sei o que andamos a fazer, mas estamos a construir uma geração de derrotados, de cansados, de pessoas que não acabam o dia anterior nem iniciam o novo.
Quando se anuncia um novo dia, gosto de preparar-me para tudo o que vai trazer-me, para todas as riquezas e acredito sempre que vai surpreender-me. Preparamo-me para rir e chorar, para o prazer e para a dor, para os sucessos e os insucesos. Para aprender. E preparo-me sempre para viver. As olheiras da mulher de olhar azul e triste, cabelo loiro e cansado, deixaram-me a pensar. Sabia que seriam um sinal. Quis dizer ao Carlos de quê, mas não fui capaz. Hoje já sou. Aquilo foi um alerta. Não sei como estarei amanhã, nem daqui a cinco anos, se cá estiver, mas fiquei a saber que não quero estar assim. E se me acontecer estar, será altura de mudar. Outra vez!


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Tão simples.