
Por razões de trabalho, iniciei esta semana uma fase da minha vida em que todos os dias úteis faço duas viagens de 20min. de carro, duas viagens de 1,30h. de comboio e duas viagens de 25min. de autocarro. Ou seja, para ir e regressar são mais ou menos duas horas e um quarto para cada lado. E estou a adorar. Sobretudo o clã do comboio. Fica prometido que, se me lembrarem, farei um texto sobre o clã do comboio. Lá mais para a frente, quando o conhecer melhor.
Para já importa dizer que aquilo é um fervilhar de vida e conversas e cumplicidades e tiques e rituais… Por exemplo, sabem como se identifica tacitamente um membro do clã? É quando vem o revisor. Quem mostra o passe pertence ao clã, quem mostra um bilhete é uma ave de arribação!
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Mas isto hoje tem outro motivo. É que o comboio é uma mina de conversas interessantes e até surpreendentes! Reparem nesta:
– Nunca mais tomo antidepressivos na minha vida. Nem que esteja para me atirar do comboio abaixo!
– Então porquê?
– Deprimem-me!
– Hã?! Estavas a dar-te tão bem com estes últimos.
– Pois mas deprimem-me e eu com a depressão ainda aguento mas o pior…
– Então?
– Inibem-me a libido.
– Aahh… Isso é normal…
– Pois, mas eu prefiro andar deprimida!
Desenho ilusões com palavras. Sinto com palavras. Expresso com palavras. Escrevo. Sempre. O resto, ou é amor, ou é a vida a consumir-me!
Há tão poucas coisas que valem a pena um momento de vida. Há tão poucas coisas por que morrer. Algumas pessoas. Outras tantas paixões. Umas quantas ilusões. E a escrita. Sempre as palavras...
jpvideira
https://mailsparaaminhairma.wordpress.com
12/11/2010 às 23:54
E esta HEM!!!Vou adoptar a receita e nunca tomar anti-depressivos. Gaita assim a vida não tem sentido e até a pele fica baça.
Andei 5 anos de comboio e digo-te que tu rapidamente escreves um livro. São estórias incriveis. Que sorte. Eu adoro andar de comboio.
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