Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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10.10.10

É hoje.
E só acontecerá mais duas vezes este século. Depois será necessário esperar mais cem aninhos!
São giros, os números!


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De Negro Vestida – XLI

 

De Negro Vestida – V

– Estou sim?
– Ah, querida, Maria José, finalmente atende o telemóvel. Estava a ficar preocupado. Sou eu, o Alberto.
– Eu sei que é você, Alberto, conheço-o melhor do que ninguém, apesar da sua mãe reclamar para ela essa vantagem, mas, sabe, vinte e um anos de casamento dão-nos um conhecimento ímpar do outro… excepto no seu caso, que nunca quis conhecer-me.
– Mas, Maria José, onde é que a menina está? Não vem para jantar?
– Não Alberto, saí de casa.
– Sim, eu sei, caso contrário não estava a ligar-lhe, que a menina saiu, sei eu, não está aqui! Eu preciso, quer dizer, nós precisamos de saber é quando volta.
– Não volto!

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O Romance “De Negro Vestida” foi publicado, capítulo a capítulo, neste blogue, entre 26 de janeiro de 2010 e 22 de abril de 2011.

Agora que conhecerá outros voos, nomeadamente, a publicação em livro, deixamos aqui um excerto de cada capítulo e convidamos todos os amigos e leitores a adquirirem o livro.

Obrigado pela vossa dedicação.

Setembro de 2013

João Paulo Videira

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Esclarecimento

Alguns leitores têm perguntado se os textos que aqui coloco são de minha autoria, em particular os poemas. Devo informar-vos de quatro regras simples na publicação de textos neste blogue:

1) Todos os textos que não têm o autor indicado são de minha autoria.
2) Todos os textos que têm o meu nome indicado são de minha autoria.

3) Todos os textos que não são meus têm o nome do autor por baixo.

4) Os textos narrativos aqui publicados “Estórias ao Acaso: Noite Fria” e “De Negro Vestida” estão registados na IGAC (Inspecção-Geral das Actividades Culturais)

Ou seja, se foi outro que escreveu, eu coloco o nome. Tudo o resto é meu!

Abraço grande,
João Paulo.


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Mudança

Mudança, sentimento que falta cá dentro
Pode mudar a minha vida toda num momento
Devia aproveitar para pensar em mim
Deixar de ser aquele puto, deixar de ser assim
Mas, eu não quero eu quero e continuar
Seguir o meu caminho do jeito que o quero levar
Tranquilo na minha terra sem me chatear
Poder estar com o amigos e andar a vadiar
Chegar a casa com aquele cheiro a mar
Não pensar em mais nada a não ser no jantar
Mas será que faço bem ser a escolha certa
Os meus pais só me dizem que um dia a vida aperta
Talvez sim, talvez não, conforme a situação
Situação, só aparece decisão, a decisão
Quem me dera não ter que me ralar
Mas no fundo eu sei que tenho que mudar
Mudança, à dias era criança
Mas a vida avança e as vezes isso cansa
Então descansa relaxa aproveita
Este som que te traz a confiança
São ventos de sorte são brisas de morte
Dias de bafo ou chuva forte
Tudo muda nesta vida irmão
As folhas caem no Outono o sol brilha sempre no verão
Na primavera tudo nasce no Inverno tudo morre
Enquanto o tempo corre uma lágrima se escorre
Ano a ano sinto que algo vai mudar
Tenho os braços abertos mas sempre medo de falhar
Será que assim será que medo e ilusão
Será que sigo os outros ou que sigo o coração
Será que canto em vão ou que ouves o que eu digo
Serás amigo, ou inimigo, perigo
Calma, pois tudo muda
Estarei por aqui sempre que quiseres ajuda
Tem calma, pois tudo muda
Estarei por aqui sempre que quiseres ajuda

Um dia tudo muda um dia tudo vai mudar
Há dias que não voltam mais mas que ficam pra guardar

Sento me no sofá depois de um dia atribulado
Encosto me para trás suspirando de cansaço
Numa folha escrevo versos sobre o dia que passou
E versos são riscados quando sou o que eu não sou
Esta na hora de mudar de mudar o que há de vir
Esta na hora de pensar e não pensar em desistir
Escrever para quem, falar para que
Perder tanto tempo se a mim ninguém me vê
As vezes so me apetecem e largar tudo isto
Voltar para a TV e simplesmente dizer-lhes isto
Mas será que vale a pena voltar para trás
Depois de tanto esforço não vale a pena rapaz
Eu continuo em frente porque eu sei o que eu quero
Eu quero isto contínuo em frente porque quero mudar
isto
Eu não desisto eu estou cá e a mudança então vira
Ainda me lembro quando jogava basket no parque
A bola girava de manha ate a tarde
E tínhamos sempre ocupações sem tomar decisões
Sem pensar numfuturo carregado de questões
As coisas mudaram e eu ainda mudo
O puto vai crescendo e tornando-se mais adulto
Quem me dera que o tempo parasse agora
Dava tudo para voltar a boa nova
Ao dia em que nasceu o meu mundo secreto
O nosso primeiro concerto ao vivo e em directo
O tempo passa depressa e depressa tudo muda
E tenho saudades de ter a gera toda junta
Hoje ainda vou ao mesmo parque para jogar
Sei que um dia destes também isso vai mudar
Hoje sou eu quem continua a lançar
Mas amanha vira alguém para ocupar o meu lugar

Mundo Secreto

[É importante divulgar bons textos. Também podem ouvir a canção à vossa direita]


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A Espuma do Navegante

A Espuma do Navegante

Nada me garante
Que a espuma cortada outrora
Por um navegante
Não seja a mesma
Que vem beijar-me agora
Os pés
E perguntar-me com violência
Quem és?

Fala comigo, o mar,
Abre-me as portas da consciência
E obriga-me a dizer-me
As coisas puras
Antes do filtro da inteligência.

Quebra as rochas
Com estrondo
E quebra-me os fingimentos,
Que um homem sente-se mais verdadeiro
Perante a imponência
Dos líquidos movimentos.

Há sal e há verdade
Em ti, ó mar,
E há humanidade
No gesto de te contemplar.

jpv


1 Comentário

Res Púbica

Res Púbica

Vive no jeito das tuas palavras
Um sentido de fecundação,
E emerge do traço
Dos teus seios
A forma que me preenche a mão.
E dizes a liberdade e o amor e a entrega e o sexo
Como quem comenta um poema
Ouve uma partitura
Respira o ar.
E guardas-me em ti em carne e semen
E fechas-me no teu casulo de amar
E habita em tudo isto
Um sentido extraordinário
de normalidade.

Tu és a vida, ó musa,
A vida amada
Que a vivida é pouca para ti!

Meu feriado nacional,
Meu estádio de futebol,
Meu filme,
Meu livro,
Meu mar,
Meu ar.
Minha festa de aniversário,
Meu doce e suave opiário.
Em ti me perco e contigo me ganho

E é por ti que acordo desta morte que vivo
E navego na ondulação dos amantes,
No azul do mar,
Nas palavras por encontrar.

Sobra-me a tua alma.
Falta-me o teu corpo
Que não vive um homem erecto
Sem esse suave sopro.

E arranhas-me o sentir
Mesmo antes de vir
Ao mundo a vida
De encontrar-te
Sob o meu peso.

Minha doce e suave comemoração,
Minha res púbica
De Amor ao vento
E peito desnudado,
Se soubesse que nascerias para mim,
Todos os dias seriam feriado!

jpv


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Ode ao cais

Sem dar por isso, num desejo intumescido, meu corpo tornou-se cais onde penetra o teu navio…”

Anónimo