Mails para a minha Irmã

"Era uma vez um jovem vigoroso, com a alma espantada todos os dias com cada dia."


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Creta 2010 – Diário de Bordo – 19

10/8/2010 – 17:44h. – Agia Gallini

Em Creta, as coisas pordem acontecer assim. Um dia dedicado à cultura tem fim numa esplanada de praia. Estamos na esplanada da Taverna Stochos na praia de Agia Gallini, na costa sul da ilha. Acabámos de comer um tzatziki e uns calamares e agora vamos ao banho no mar para refrescar antes de fazer a viagem de regresso a Georgioupoli. O mar é, como em toda a ilha, intensamente azul e morno na temperatura.

Saímos de manhã e visitámos as ruínas de Cnossos que ascendem à cultura minoica. Qualquer coisa como 70 séculos antes de Cristo. As ruínas, ou seja, as suas edificações e frescos, foram “completados”, isto é, reconstruídos por John Evans com uma técnica de restauro que tem sido polémica. O “completamento” é coerente e feito por analogia com o que ele encontrou, mas na verdade depende da interpretação que ele deu ao que encontrou. Um turista comum nem nota e gosta de ver as coisas “acabadas”. Um visitante mais atento não deixa de reparar que há coisas que não são originais. Em todo o caso, a visita vale a pena. É uma cidade imponente para a época a que reporta.

Depois fomos às ruínas de Gortina que são excepcionais, não só porque têm um salão de música romano e uma extensa parede onde estavam gravadas publicamente as leis da terra para que ninguém pudesse invocar desconhecimeto, como têm também algo que me maravilhou: uma basílica cristã, construída nos finais do império romano, em solo grego! É do Séc. V D.C. Talvez seja a basílica cristã mais antiga que visitei até hoje porque não se trata da adaptação de um templo romano mas de uma basílica construída de raiz.
Visitámos, depois, uma pequena igreja ortodoxa onde estão os túmulos de dez cristão sacrificados pelos romanos em 250 D.C. O templo chama-se Agioi Deka. Ainda fomos às ruínas de Festos mas demorámo-nos pouco. Foi muita e interessante, a informação mas agora o que apetece mesmo é o mergulho. Estão 30ºC e, pelo que conheço da ilha, a temperatura vai ficar assim até lá para as duas da manhã.
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Nota humorada: hoje presenciei, logo NÃO participei, o seguinte diálogo:
– Passas-me o American Express [livro]?
– Agora não posso, tenho as mamas ao léu!
Nota atrasada 1 (22:15h): No regresso a casa, presenciámos algo pouco comum. Ao entrarmos numa pequena localidade chamada Spili, havia sinais de trânsito a sugerir que fizéssemos um desvio. Se quiséssemos ir pela vila, teríamos de ir a 20km/h e dar sempre prioridade aos peões. Resolvemos ir pela vila. É uma terrinha simpática e pequenina e a principal rua é a estrada nacional que a atravessa ao meio. Os responsáveis locais, espécie de Junta de Freguesia, não estiveram com meias medidas, pavimentaram a estrada nacional como se fosse um passeio e quem tem prioridade são os peões! Há imenso comércio, sobretudo as típicas tavernas, os restaurantes, e casas de rendas e bordados. A vila está na base de uma montanha e por isso tem imensa água, é conhecida pela sua fonte que são 25 bicas de água em forma de cabeça de leão que jorram continuamente com abundância.
Nota atrasada com palavrões: quando chegámos, eu fui com o Iago ao Eleanas Deli Bar e estivemos à conversa com o nosso amigo Andreas. Como a Paula não quis ir, aproveitámos para perguntar como se dizem palavrões em grego. Claro que ele nos ajudou a colmatar essa lamentável falha no nosso vocabulário grego. Eu não vou aqui escrevê-los por duas razões. Primeiro, porque não me atreveria a colocar aqui as traduções e o grego só pelo grego não tem piada. Depois, porque não queremos comprometer o simpático Andreas. E, por fim, porque este é um espaço decente e bem frequentado. Afinal eram três razões!

Agia Gallini
Agia Gallini
Cnossos
Cnossos
Cnossos
Cnossos
Cnossos
Agioi Deka
Agioi Deka
Gortina
Gortina
Gortina
Gortina
Spili